terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Quando a Web elege um presidente...

Dia 21 de janeiro de 2009 ficará marcado na História não apenas pela posse de Barack Obama, político americano de características bem singulares, mas também por representar a consolidação da web como dos principais meios de comunicação da atualidade e com potencial sem precedentes de gerar conteúdo espontâneo e exercer influência em escala global. Eleitores norte-americanos e usuários da web do mundo inteiro puderam acompanhar de perto a estratégia de marketing do candidato democrata, que soube aproveitar a agilidade, interatividade e velocidade com a qual as informações se propagam na web para reverter sua desvantagem inicial em relação à também democrata Hillary Clinton nas eleições partidárias e posteriormente vencer o candidato republicano John McCain, que contava com o apoio do atual governo Bush, com cerca de 56% dos votos.


Contando com uma verdadeira onipresença na web, Barack Obama soube utilizar com maestria seu site oficial, as redes sociais, o web marketing e até mesmo um suposto marketing viral para conquistar eleitores e conseguir os mais de 600 milhões de dólares arrecadados durante sua campanha. Seu profile no MySpace chegou a 833.161 apoiadores (contra 217.811 do rival McCain) e seu Twitter, atualizado várias vezes por dia, trazia informações detalhadas sobre cada passo do presidente e de sua campanha. Até mesmo um marketing viral não oficial, o vídeo I Got a Crush on Obama, onde uma adolescente em trajes de banho dubla uma música declarando apoio ao candidato, conseguiu o recorde de mais de mil visitas em 5 horas desde sua postagem no YouTube.


Obama também foi um candidato sagaz ao fazer parcerias com as mais influentes empresas ligadas à web. Em outubro desse ano, com menos de um mês para as eleições, o presidente lançou em parceria com a Apple um aplicativo para iPhone que enviava feedbacks aos seus eleitores. O aplicativo ainda rastreava a agenda do usuário em busca de contatos vindos de estados onde o candidato levava desvantagem em relação a John McCain e enviava-lhes mensagens pedindo apoio, numa ação ágil para conseguir a vantagem sobre o republicano no maior número de estados. O democrata também se cercou de executivos influentes do meio, sendo o principal deles Eric Schmidt, CEO do Google, que foi consultor de sua campanha nas áreas de tecnologia e preservação ambiental. Inclusive a parceria entre ambos levantou rumores de que Obama teria convidado Schmidt para o posto de Ministro da Tecnologia de seu governo, mas este teria recusado a proposta.


Mesmo após sua eleição, Obama promete não deixar a web de lado em seu governo. No dia 5 de novembro de 2008 entrou no ar o www.change.gov, uma espécie de portal da gestão Obama onde os norte-americanos poderão fazer críticas e enviar sugestões ao governo, permitindo-lhes assim ter maior influência sobre as ações do presidente.  Além do portal, o presidente contará com uma equipe de 4 blogueiros do The New York Post que cobrirão eventos diretamente da Casa Branca, estreitando a relação do presidente com o povo americano. A prova definitiva de que Barack Obama é um político inteirado foi sua primeira exigência antes de mudar-se com a família para a Casa Branca: um notebook em cima da mesa de seu escritório.


Investindo massivamente na internet e nos sites e redes sociais mais populares entre os americanos, Obama conseguiu um estreito laço com seus eleitores, criando uma verdadeira movimentação em prol da sua campanha e atraindo número recorde de jovens eleitores para as urnas norte-americanas. A vitória de Obama não representa apenas a vitória de um presidente que luta por mudanças, mas também, a consolidação da influência global que a internet é capaz de exercer.

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