Dia 21 de janeiro de 2009 ficará marcado na História não apenas pela posse de Barack Obama, político americano de características bem singulares, mas também por representar a consolidação da web como dos principais meios de comunicação da atualidade e com potencial sem precedentes de gerar conteúdo espontâneo e exercer influência em escala global. Eleitores norte-americanos e usuários da web do mundo inteiro puderam acompanhar de perto a estratégia de marketing do candidato democrata, que soube aproveitar a agilidade, interatividade e velocidade com a qual as informações se propagam na web para reverter sua desvantagem inicial em relação à também democrata Hillary Clinton nas eleições partidárias e posteriormente vencer o candidato republicano John McCain, que contava com o apoio do atual governo Bush, com cerca de 56% dos votos.
Contando com uma verdadeira onipresença na web, Barack Obama soube utilizar com maestria seu site oficial, as redes sociais, o web marketing e até mesmo um suposto marketing viral para conquistar eleitores e conseguir os mais de 600 milhões de dólares arrecadados durante sua campanha. Seu profile no MySpace chegou a 833.161 apoiadores (contra 217.811 do rival McCain) e seu Twitter, atualizado várias vezes por dia, trazia informações detalhadas sobre cada passo do presidente e de sua campanha. Até mesmo um marketing viral não oficial, o vídeo I Got a Crush on Obama, onde uma adolescente em trajes de banho dubla uma música declarando apoio ao candidato, conseguiu o recorde de mais de mil visitas em 5 horas desde sua postagem no YouTube.
Obama também foi um candidato sagaz ao fazer parcerias com as mais influentes empresas ligadas à web. Em outubro desse ano, com menos de um mês para as eleições, o presidente lançou em parceria com a Apple um aplicativo para iPhone que enviava feedbacks aos seus eleitores. O aplicativo ainda rastreava a agenda do usuário em busca de contatos vindos de estados onde o candidato levava desvantagem em relação a John McCain e enviava-lhes mensagens pedindo apoio, numa ação ágil para conseguir a vantagem sobre o republicano no maior número de estados. O democrata também se cercou de executivos influentes do meio, sendo o principal deles Eric Schmidt, CEO do Google, que foi consultor de sua campanha nas áreas de tecnologia e preservação ambiental. Inclusive a parceria entre ambos levantou rumores de que Obama teria convidado Schmidt para o posto de Ministro da Tecnologia de seu governo, mas este teria recusado a proposta.
Mesmo após sua eleição, Obama promete não deixar a web de lado em seu governo. No dia 5 de novembro de 2008 entrou no ar o www.change.gov, uma espécie de portal da gestão Obama onde os norte-americanos poderão fazer críticas e enviar sugestões ao governo, permitindo-lhes assim ter maior influência sobre as ações do presidente. Além do portal, o presidente contará com uma equipe de 4 blogueiros do The New York Post que cobrirão eventos diretamente da Casa Branca, estreitando a relação do presidente com o povo americano. A prova definitiva de que Barack Obama é um político inteirado foi sua primeira exigência antes de mudar-se com a família para a Casa Branca: um notebook em cima da mesa de seu escritório.
Investindo massivamente na internet e nos sites e redes sociais mais populares entre os americanos, Obama conseguiu um estreito laço com seus eleitores, criando uma verdadeira movimentação em prol da sua campanha e atraindo número recorde de jovens eleitores para as urnas norte-americanas. A vitória de Obama não representa apenas a vitória de um presidente que luta por mudanças, mas também, a consolidação da influência global que a internet é capaz de exercer.
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